quinta-feira, 13 de outubro de 2011

POESIA: Sociedade (Infantil) em Apuros

 

No meio da multidão a criança chora;
Sua família estende a mão e implora.
A labuta termina e o povo vai embora,
Mas a miséria continua ali, a toda hora.


Uma criança quase como qualquer outra,
Exceto o fato de não ter vivido a infância.
Uma sociedade injusta, apressada e louca,
Que acelera exigências e perde esperança.


Como bem diagnosticou aquele famoso
Poeta do rock: “Esse é o nosso mundo;
O que é demais nunca é o bastante”,
“Porque o bastante é sempre tão distante?”
Emendaria este anônimo poeta do social,
Convidando toda gente a reverter este mal.


Há crianças cujo único (e trágico) lazer
É o de correr... do abuso, da exploração.
Seres sem abrigo, referencial e proteção.
É preciso denunciar, prevenir, se mexer!


Deveríamos pedir diariamente perdão
Às crianças nascidas e que nascerão,
Pela incompetência de nossa geração
Adulta em reproduzir tanta contradição.


Engolimos modernidade, mas vomitamos indiferença.
Louvamos a ambição enquanto definhamos na prisão
De nosso egoísmo, hipocrisia, omissão e impotência.
Sem a ciência prática do amor, a tecnologia é ilusão.


Os adultos precisam reciclar a solidariedade.
O brinquedo distrai a criança por certo tempo,
Mas nada substitui a presença do sentimento
Que devemos nutrir desde a mais tenra idade.


Salvemos todas as crianças do mundo,
Inclusive as que ainda brincam dentro
De nós, descongelando nosso odiento
E insosso pudor, falsamente profundo.


Não roubemos seu abençoado presente,
Amargando-lhes a doce magia de sorrir.
E nem arruinemos o seu ansiado porvir,
Tornando-lhes descolorido e decadente.


As crianças têm muito a nos ensinar...
Com a pureza e ingenuidade do olhar,
Com os gestos destituídos de malícia,
Com a sua mania de criar e imaginar,
Com a sua autenticidade e imperícia
Ao engatinhar, andar, cair e levantar,
Aventurando-se sem medo de errar:
Oh pedagogia gloriosa; que delícia!


Aquele que ignora ou adultece as crianças
Só faz matar ou envelhecer as esperanças!
Ademais, de que adianta apressar a corrida
Quando afundamos na contramão da vida?

--

Fraternalmente,

Pablo Robles

(Poeta do Social)

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